quinta-feira, 31 de julho de 2008

PARATINGA: NÃO À VIOLÊNCIA! DEMOCRACIA, SIM!

Os últimos acontecimentos de violência política em nossa cidade merecem uma reflexão profunda e um chamamento aos cidadãos desta terra, a fim de nos unirmos, independentemente do matiz ideológico ou partidário de preferência, na busca de um valor maior, qual seja a paz. A paz significa viver. Viver é vida. É harmonia entre os homens de bem. A vida vale mais do que qualquer embate ou disputa política. O político e a política passam. A vida é perene, contínua. É sabido que a vida é o maior bem absoluto. Com a vida o ser humano não vende e não negocia, ela é única. Como diria o jurista José Renato Nalini, “a vida é a motivação de tudo que a humanidade produz”. De modo que, sem ela, nada tem sentido. Ou seja, a vida é um ciclo ininterrupto iniciado na fecundação e que deve perdurar sem interferência até o seu termo natural. A morte. Votar e participar em eleições são importantes, porque esse aprendizado e exercício de cidadania fortalecem as estruturas democráticas e consolida o desejo de alternância de poder. O voto é o instrumento de escolha de representação indireta mais forte que o cidadão dispõe, do qual não se deve abrir mão, absolutamente. Mas, viver é muito melhor. Não se deve deixar que a vida seja algo menor, pequeno, diante da política partidária. Esta é um procedimento gradual para chegar ao poder e não um instrumento da violência para acabar com a vida. A violência, por si só, é estúpida, cruel, faz sofrer não só a vítima, bem como a esposa, o marido, os filhos, amigos, companheiros. A vida, não. Esta é bela, é linda. Portanto, nessas eleições vamos dar um NÃO à violência política, quer seja, verbal, quer seja, física.
A política no seu sentido filosófico, e como forma de organização social, teve o seu gênese em Atenas, sustentada em três pilares, quais sejam, família, vila e polis. O surgimento da palavra Cidade vem da expressão grega polis. Tinha como sentido a organização dos cidadãos na cidade, a fim de viver melhor e juntos, mesmo que naquela convivência pudesse estar presentes os antagonismos, mas a finalidade maior era uma vida digna para todos. Era o começo do Estado, que não surgiu de um contrato convencional entre os homens, mas da sua própria natureza política. É verdade que o confronto se dava por meio de guerra, onde o egoísmo, o medo, a incompreensão eram as regras. Naquela época justificava o uso da força e da brutalidade, hoje impensável, não tem nenhum sentido usar dos mesmos mecanismos medievais para conquistar o poder. Os conflitos partidários, ideológicos e de interesses políticos - que são naturais numa eleição - não podem ultrapassar a racionalidade, a ponto de causar lesão física ou levar a morte os espectadores e atores do processo eleitoral em disputa. A política como meio para alcançar o poder deve ser um embate no campo das idéias e propostas de governo, com mentas e planejamento. É isso que o povo espera dos candidatos. Daí porque, no enfrentamento político deve o candidato imprimir uma linguagem de trabalho, de paz, de ordem, de justiça, como elementos de transformação do homem, inclusive, pedagógico, e com isso, servir de opção ao eleitor, que na sua análise fria e consciente possa votar naquele que melhor poderá representá-lo. A política no dia-a-dia não pode ser um depósito da frustração, da maldade, da vingança, da desforra, da perseguição, do ressentimento, para ser descarregado nas eleições. O eleitor lúcido e inteligente não aprova esse tipo de comportamento. A violência verbal e física em eleições passa uma imagem de fraqueza, de desespero e sentimento de derrota antecipadamente do candidato, e na maioria das vezes, o eleitor percebe quem exagera na verbalização rasteira, falaciosa e violenta, e faz esse julgamento quando deposita o seu vota na urna. Portanto, não à violência política. Não custa lembrar que qualquer tipo de violência é imperdoável. O POVO DE PARATINGA É INTELIGENTE E NÃO PERDOA. Aquele que fizer uso do instrumento da violência com o intuito de galgar o poder, estará enganado, pois será derrotado nas urnas, como expressão de vontade popular e repúdio aos atos destemperados. Oportuno ressaltar que violência é um ato covarde, de crueldade, de bestialidade. Ela contrasta com civilidade. Somente é aceitável a violência quando sua ausência seria pior, a demonstrar a atitude do Estado quando age para manter a ordem pública. Nesse caso, como dizia Max Weber, “o Estado tem o monopólio da violência legítima.”
Aristóteles foi quem melhor definiu o termo Política, no seu tratado de filosofia A Política, ao considerar o modo e as condições em que se organiza o Estado, de modo a reunir os indivíduos e a realizar o bem comum. Uma espécie de associação, composta por vários povoados, em que forma uma cidade perfeita, possuindo todos os meios de se bastar a si próprio, ela, a Política, existe para viver o bem-estar e abundância das pessoas. Nesse sentido, ele traz à tona a questão da natureza, quando afirma: “é por isso que podemos dizer que toda cidade é um fato da natureza, visto que foi a natureza que formou as primeiras associações”. Daí aquela famosa frase aristotélica: “a cidade é um fato da natureza, sendo o homem um animal político por natureza”. E a colocação do mestre tem sentido, haja vista, nas suas mesmas palavras completa: “o homem é o único entre todos os animais a ser dotado de razão”.
A tomar por essa lição do mestre da filosofia, chamamos à atenção dos cidadãos de Paratinga, para repudiar qualquer tipo de violência política nessas eleições. A violência não pode ofuscar o exercício da democracia. A política, como objeto de transformação da sociedade e do indivíduo, que busca por meio do seu representante uma cidade com melhor qualidade de vida, saúde e escolas de qualidades, deve sobrepor-se à violência. As eleições são mecanismos democráticos e constitucionais que o povo tem em mãos para eleger os seus representantes, de forma consciente e livre. A violência não pode, repita-se, tolher esse direito do cidadão.
Para finalizar, cabe, ainda, sublinhar uma frase do filósofo Aristóteles, que sinaliza o momento político, diz o ele: “o poder assanha a ambição e multiplica a cobiça”. Por isso, nesse momento de conflito e acirramento eleitorais, cabe aos atores do pleito comandar os seus liderados, usando dos meios de persuasão e de controle, com a finalidade de evitar um desfecho traumático e de perda irreparável, lembrando-se que a cobiça e ambição destroem vidas e dignidade moral das pessoas.
DIGA NÃO A VIOLÊNCIA NAS ELEIÇÕES DE OUTUBRO!
São Paulo, agosto de 2008.

Antonio Edmilson Cruz Carinhanha, Advogado, pós-graduando lato sensu, em Direito Constitucional, Direito Administrativo e Direito Público

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